26 de setembro de 2006

Asas inventadas

Hoje eu vi um pássaro e fiquei com inveja. Se eu tivesse asas e pudesse voar eu seria verdadeiramente livre, me realizaria. Então olhei pro pássaro e ele estava me olhando como dizendo "se eu pudesse falar seria verdadeiramente livre, me comunicaria e seria um ser completo, mas meu destino é ser levado pelo vento, de um lado pro outro, que inveja dos humanos." Talvez se eu tivesse asas, faria como Ícaro filho de Dédalo que ébrio por ter asas (mesmo que de cera) voou tão alto que o sol derreteu suas asas. O problema do homem é querer ter coisas desnecessárias, é criar necessidades que não existem. Parece assim que estão querendo negar a humanidade que lhe cabe. Criando essas necessidades o homem acaba se padronizando, negando assim da mesma maneira, a individuialidade. Todos iguais, catalogados, previsíveis. Talvez seja por isso que (quase) ninguém me surpreenda mais. Temos mania de darmos valor as coisas que apresentam um resultado imediato, efetivo, que atende às nossas necessidades imediatas. Isso é justificado pelo pragmatismo do homem, que move todas as coisas. Essa visão acabou criando engenheiros demais, advogados demais, cientistas demais, máquinas de mais. Após a revolução industrial foi criado um novo tipo de valor de homem, o tecnicista, que passou a ser adorado e idolatrado em seus valores. Talvez isso tudo venha do vazio existencial, o homem deve ter se deparado com a falta de respostas aos seus anseios, e passou a criar para tentar se comparar a um deus, a um criador, para se sentir menos ridículo perante a insignificância. Mas eu penso todos os dias para que nossos desejos falsos não se tornem nossos algozes, e não nos enforquemos em nossas próprias cordas, não sejamos Ícaros modernos e morramos pelos nossos desejos. Somos ridículos, mínimos, infames. Qual o problema em afirmar isso? Angústia? O que me causa angústia é olhar em volta e ver que tudo isso é falso, criado, artificial, que estou rodeado de ignorantes que fazem o possível pra continuar assim. Perante isso tudo, ver e admitir nossa natureza não me parece tão ruim.

22 de setembro de 2006

O papa é pop

Então agora virou festa. A fala do papa Ratzinger afirmou que "Maomé só veio pra causr guerra e destruição, não causou nenhum bem". Mas veja bem, essa frase é a de um rei perdido no Séc XIII d.C., não foi o Supra Sumo Pontífice que disse. Vou fazer o mesmo: "Seminarista filho da puta". Apesar de eu ter enchido o peito pra falar isso, essa frase não é minha, é de um herege do Séc. XIII d.C. Faça você o mesmo: levante dessa cadeira e grite a frase que quiser (uma dica: xingue seu chefe, faz bem.), afinal não somos mais responsáveis por aquilo que dizemos mesmo.

Entramos na era de banalizar a palavra? Justamente a palavra que nos torna humanos, nos separa dos animais irracionais. Nos tornamos animais sociais através da palavra, fazemos concretos todos os abstratos através dos signos. Nos fazemos completo através da alteridade (meu encontro no outro) realizada pela palavra, mas também renunciamos toda a nossa liberdade e abrimos mão de nosso mundo ao nos dirigirmos ao outro e dizermos um simples "oi". A partir desse momento o outro nos possui.

A palavra, portanto, é o maior instrumento de poder, e é de se esperar que o líder da maior instituição mundial, que ja curvou nações através do verbo, faça bom uso do mesmo. Tamanha irresponsabilidade e desleixo desse líder nos indica que ninguém é mais responsável por aquilo que diz (faz ou produz). Talvez isso indique que seja a hora de voltarmos ao estado de barbárie, ao estado natural do homem, para primeiro dominarmos o fogo, depois o verbo.

Em que pedestal inconsequente o papa se coloca para fazer tal afirmação dos muçulmanos? É só olhar para o passado católico e relembrar alguns fatos. CADE A MORAL CRISTÃ?

9 de setembro de 2006

A vida atrás do balcão é:

A vida atrás do balcão é:

-Aguentar olhares de superioridade dos que estão do lado de lá.
-Ser desprezado.
-Ter que atender a todos com um sorriso no rosto (mesmo que vc esteja no pior dos seus dias).
-Criar um falso humanismo e a cara de pau de perguntar "Gostou do filme?" com cara de Mc Lanche feliz.
-Ser hipócrita acima de tudo, afinal, vc tem sempre razão Senhor.
-Trabalhar de segunda a segunda, mais feriados, e dias de sol com churrasco gorduroso.
-Estranhar frases como "Vou sair", "Vou viajar".
-Ver seus amigos passando na rua de domingo. E ficar só vendo.
-Estar do lado de cá, pra um dia estar do lado de lá.
-Criar uma fé cada dia maior em Marx.

Mais alguma coisa Senhor?