15 de novembro de 2006

Do caderno - 1°

Para que eu possa (e eu vou)
Me perguntar se tudo valeu a pena,
E ter a confortável certeza que sim.

Para que eu possa
Olhar o sol nascer
E ter a certeza que mais alguém está fazendo isso.

Para que eu saiba que em qualquer canto do mundo
em que eu olhe,
haja sempre alguém
Sorrindo ou chorando por outrem.

E que a morte é mesmo
A angústia de quem vive
E a solidão também,
Apenas olhe para mim e sorria.

9 de novembro de 2006

Amigos

Amigos

Um dia a maioria de nós irá se separar.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora, as descobertas que fizemos,dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia, das vésperas de finais de semana, de finais de ano, enfim do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre... Hoje, não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve, cada um vai pra seu lado, seja pelo destino, ou por algum desentendimento, cada um segue a sua vida... talvez continuemos a nos encontrar quem sabe nos e-mails trocados.
Podemos nos telefonar, conversar algumas bobagens... Aí os dias vão passar, meses, anos, até este contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo....
Um dia nossos filhos verão aquelas fotografias e perguntarão: Quem são aquelas pessoas?
Diremos: Eram nossos amigos e isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto, nos reuniremos para um último adeus de um amigo.
E entre lágrima nos abraçaremos. Faremos promessas de nos encontrar mais vezes, daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida isolada do passado. E nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos
[Texto de autoria desconhecida]








Na foto: Os Maiores, em 2001. Tempo absurdo de rápido.

7 de novembro de 2006

(M) idiótica

Na sala assistindo TV:

- Olha! Que filme é esse?
-Não sei se é filme, acho que é um documentario sobre o Iraque.
-Parece reprise de "Platoon".
-Hm...não sei, esses mísseis cruzando a tela parecem ser tão reais.

".................BANG BANG"

- Isso!!! Matem todos eles!
-Isto é, se for de mentira.
-Droga. ALGUÉM PODE ME DIZER SE POSSO ME DIVERTIR OU NÃO?

Do quarto - Parte I

E tudo começou assim: ele naõ tinha mais sobre o que escrever. Se pegou olhando a folha em branco, separando o real do abstrato, misturando os verbos com o gosto do sal. Como se ja tivesse escrito sobre tudo, esgotado todos os temas, realizado todas as obras, se sentia vazio. Lhe sobrava naquele quarto-castelo vazio que era a sua mente o eco de uma música suave que entrava pelos ouvidos numa tentativa pífia de inspira-lo. Nenhum movimento.

Inspira-lo.

Espirou. Era isso que faltava. Como o olho sente falta do ver, como a pele sente falta do toque, ele sentia falta. Algo que o motivasse a escrever, a fabular, a brincar com as coisas, com as idéias, com os fatos. Percebeu que há tempos ninguém o surpreendia, ha tempos quase nada lhe tirava um sorriso surpreso, um sorriso menino, um sorriso de dentro. Era só o sorriso com medo, aquele que saia por pura obrigação de expressão. Clamava por detalhes, que alguém lhe trouxesse pequenos prazeres tal qual o som doce do por-do-sol.
"Me dêem prazer" gritava aos quatro ventos mas não o ouviam.
"Me faça, me crie, me seja, me veja, me pense, me sinta!".
Era tudo o que ele pedia para poder escrever, para poder sorrir. Sorrir.