19 de março de 2007

Conhecer melhor

Depois de velho eu quero pensar a minha vida. Fazer uma reflexão filosófica e racional acerca da minha caminhada nessa existência. Afinal o que é melhor de se conhecer do que eu mesmo? Não vou estudar um chinês ou um alemão, eu serei o objeto do meu estudo. Uma espécie de círculo de conhecimento, eu em mim mesmo. E o que é mais útil de conhecer do que eu mesmo?

Através de uma crítica da minha caminhada poderei me conhecer melhor, descobrir aquilo que eu sou, aquilo que eu posso ser, e assim agir para que possa me tornar aquilo que realmente sou, conhecendo-me a mim mesmo. Atingir plenamente a minha essência.

Existe algo mais importante que isso? Algo mais importante do que saber quem sou? Pra que estudar estética, política se não se sabe nada sobre o sujeito que está compreendendo isso. Será como jogar farinha num saco furado, derrubando-a no vazio, em lugar algum. A necessidade é a de se conhecer o anthropos (homem na origem de sua palavra, em grego) próprio, reconhecer a ação dialética, na qual o homem age no mundo e o mundo age no homem. Descubra qual é esse homem que age no mundo, que muda o mundo, para descobrir o que se pode fazer com esse mundo, para se ter o mundo nas mãos. Conhece-te a ti mesmo e tenha o mundo em suas mãos.

Simples? Nem um pouco. Mas pensando bem para que deixar para fazer isso depois de velho...

17 de março de 2007

Cafézinho

Depois que eu descobri o cheiro de Café com Trufa e Avelãs, infelizmente meu nariz nunca mais foi o mesmo.

27 de fevereiro de 2007

Quase Nada

Obrigado pelos comentários.
Aí vai o significado real do texto anterior:

É uma crítica a esses "filósofos" que escrevem ou falam dificil achando tudo muito lindo e achando que estão fazendo filosofia quando ninguém os entende. Pensar não é ser rebuscado, muito pelo contrário é buscar a retidão de pensamento, é tornar compreensível o que se apresenta confuso. Tornar compreensível pelo menos no âmbito da linguagem, da compreensão. Agora, se a idéia vai ser aceita, isso já é um outro assunto.

Fazer filosofia não é juntar palavras como "nada" "ontológico" "cognoscível" e ficar no campo do abstrato. O popular "viajando na maionese", se preferir. E essa é a imagem do filósofo que vem desde os tempos de tales de Mileto, um bicho-grilo que fica viajando por aí nessa coisa estranha que é a filosofia. Ela de nada adianta se for desvinculada do mundo real, da prática, da efetiva mudança da nossa realidade.

Marx disse: "Até agora os filósofos se concetraram em tentar explicar o mundo. Está na hora de tentar muda-lo". Exatamente. De que adianta entender de que é feito o espírito, onde se encontra o pensamento, se nenhuma dessas coisas nos posicionarem como sujeitos agentes do mundo? De que adianta saber o que são imperativos categóricos se isso não nos colocar numa nova postura ética? De que adianta estudar sociologia se for pra querer sair pegando em armas explodindo bancos?

Essa postura de esbanjar conhecimento não é Filosofia. Pode até ser conhecimento, mas o verdadeiro conhecimento não serve pra ficar mostrando por aí em palavras difíceis, poses rebuscadas, atras de uma cara de superior e um óculos de armação de tartaruga.Pode ser conhecimento, mas não sabedoria. É espaço ocupado no seu cérebro, a toa, diga-se de passagem, pois para gente assim o cérebro podia ser ocupado por coisas como empacotar uma sacola decentemente. Não desmerecendo nenhuma profissão, vejam bem, acredito plenamente no potencial de qualquer pessoa, e que eles realmente queiram subir na vida. Mas para os "filosofos" destiladores de "conhecimento" o lugar eterno deveria ser esse.

O verdadeiro conhecimento deve sim ser passado e transmitido. Porém antes disso, deve servir para o sujeito individual, para abrir seus olhos para as coisas do mundo, para dilacerar as mediocridades, o fazer enxergar o mundo e si mesmo de uma nova maneira e se posicionar como consciente disso, como agente efetivo e criador desse mundo.

Talvez assim não vejamos mais crianças sendo arrastados presas pelo cinto do carro por 4 Km.

23 de fevereiro de 2007

Nada

Levando-se em conta que o oposto a um ser nada mais é do que sua própria negação pode-se chegar à conclusão de que a negação de um não-ser passa a ser o próprio ser. Isso trabalhado no puro campo ontológico das essências, sem entrar nas categorias. Ao pensarmos o nada sob o ponto de vista epistemológico teremos que a pura capacidade de compreensão do nada passa a ser impossível ao nosso intelecto, assim como a tentativa de compreender o Infinito e o Absoluto. Um – nosso intelecto - se encontra no puro campo do medível, do logicamente associável, outro – o nada – se encontra no campo do incognoscível, para além da lógica. Como se uma pura denominação do “nada” já fosse aprisioná-lo sob algum conceito puro, como se a mais vã tentativa de definição do nada fosse fazer com que escapasse ao seu sentido a priori. Talvez o nada fosse o não pensar, a douta ignorância, a eterna inocência. Como Fernando Pessoa diz sempre nos meus ouvidos, olhos, boca e pele:
”Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar”

O nada é o amor. O amor é nada. Admitir que o amor não é nada é dizer que ele já é alguma coisa. Como dizer que “você não é ninguém pra mim” significa dizer que o “você” é alguém para o outro. Excelente, o nada não existe, mas só assim ele é nada.

Durante o processo de criação da linguagem, como meio de comunicação, expressão e inter-relação do “eu” com o mundo, o nada aparece não como um meio de apresentação de uma verdade já conhecida, mas, antes, meio de descoberta de uma verdade até então desconhecida. Trata-se então de algo progressivo, inerente a todo o processo dialético da história. Enfim, poderia escrever páginas e páginas sobre nada, e ainda assim encontraria leitores sedentos por descobrir um significado.

Como se houvesse muita metafísica em comer chocolates, pequena!