22 de junho de 2006

Sobre a exploração


Antes, esclarecimentos sobre o post passado. O texto foi baseado numa matéria do Frei Betto para a revista caros amigos desse mês. E sobre os comentários, Nunca votei pra Deputado, por ser muito novo ainda. Mas votei para vereador (rodrigo Parras) e para prefeito (Callegari), votei também para presidente do grêmio da E.E José Alvim (em mim!!). Agora ao texto

Esse é um texto que tenta definir a exploração. Não coloquei reflexôes próprias, pois deixo essa tarefa à vocês hoje. Pode ser que um dia eu poste alguma coisa mais pessoal e menos técnica sobre isso.

Explorar significa fazer uso de algo para um fim determinado, mas quando usam da ação de outra pessoa em benefício próprio, estamos explorando essa pessoa, tratando –a como coisa, instrumento de fim nosso, transformando-as em objeto.

Em um certo momento da humanidade passou a existir a exploração humana, que se dava através do trabalho. Portanto a compreensão de exploração requer o conhecimento da noção de trabalho humano.

O que diferencia os homens dos animais é a capacidade de trabalhar, produzindo e transformando o meio em que vive de modo que cada geração encontra um mundo diferente. Justamente por transformar racionalmente a natureza é que o ser humano é o único ser que tem história, ou seja, que suas condições de existência são transformadas por sua própria ação.

Trabalho é o ato através do qual o homem despende energia para transformar as condições em que se está. Pode ser um ato de emancipação quando dirigido para fins determinados ou pode ser apenas um ato de sobrevivência. E é isso que tem sido para a maioria da humanidade.

Antes do capitalismo o trabalho já era fonte de exploração através de escravos, camponeses e etc. Com o progresso material foi possível que alguns não precisassem mais trabalhar devido a acumulação de bens. Surgia então a divisão social do trabalho, que valorizava o trabalho mental em detrimento do trabalho manual, prático. Ao longo do tempo essa divisão foi se tornando mais complexa sempre tendo em vista a exploração do trabalho alheio. Por isso a história humana tem sido a história da exploração do homem pelo homem.

Com o trabalho sendo uma fonte de rendimento, para muitos ele adquiriu um caráter de alienação, que pode adquirir vários sentidos. O primeiro é a alienação econômica, em que o trabalhador produz algo que é apropriado pelo não trabalhador. É esse tipo de alienação que torna possível o enriquecimento de uma minoria. Um trabalhador produz muito mais riqueza do que aquilo que lhe é pago através do salário. Esse excedente que é apropriado pelo capitalista é chamado por Marx de mais-valia, e é o que torna possível a reprodução do capital.

No capitalismo o trabalho humano torna-se uma mercadoria que pode ser comprada e vendida através do salário que como vimos não representa um troca de serviços de modo igual, devido à mais-valia. Assim sendo o salário é o que esconde os mecanismos de exploração da força de trabalho.

O segundo sentido para alienação é aquele em que o trabalhador não decide o que vai produzir. Ele não é o dono de seu trabalho mas o usa como meio de sobrevivência e não como meio para transformar conscientemente o meio que o cerca. Dessa maneira seu trabalho é explorado por causa da alienação que impede sua consciência acerca da mercadoria produzida.

Mercadoria é tudo aquilo que é produzido para o mercado, não para o consumo próprio individual, e tem dois valores: o de uso e o de troca. O valor de uso é a utilidade que a mercadoria tem, e existe em todas as mercadorias. O valor de troca é dado pelas horas necessárias à fabricação de um produto. É a utilidade de uma mercadoria que gera o interesse de possuí-la, mas seu preço é dado pelo valor de troca. Se numa mercadoria não existe o valor de uso é necessário criá-la através de propagandas.

A única semelhança entre mercadorias com valor de troca diferentes é que ambas foram produzidas pelo trabalho humano. O mesmo preço para duas mercadorias distintas significa a mesma quantidade de trabalho. O próprio trabalho se tornou uma mercadoria cujo valor é igual ao valor dos meios de subsistência necessários pela manutenção da vida dos trabalhadores. É uma mercadoria especial pois é a única capaz de produzir mais valor. Como nas sociedades capitalistas há mais mão de obra do que empregos, os trabalhadores vendem sua força de trabalho abaixo do mínimo necessário. O trabalhador é então explorado em mais esse sentido, o que se faz falar em uma super-exploração do trabalho.

Uma sociedade em que todos tenham direito garantido ao trabalho e possam viver apenas dele é uma sociedade sem exploração. Assim, ninguém viveria do trabalho alheio e as máquinas, fábricas e matérias-primas seriam propriedades do conjunto da sociedade. Essa sociedade recebe o nome de socialismo, devido à socialização dos meios de produção e da decisão coletiva, através da democracia, socialização esta, que se aplica aos meios de produção. Uma sociedade assim eliminaria a exploração e alienação, fazendo do trabalho um meio de liberdade e emancipação.